Severino Nogueira de Melo
O debate de temas maçônicos ou de caráter filosófico concorrerá para maior discernimento da missão nobre e elevada dos Maçons, servirá para indicar melhores caminhos para os novos e permitirá conclusões mais ajustadas da verdade para todos.
A interpretação dos rituais, dos preceitos maçônicos, da história da Maçonaria, tão mal sabida, tão impregnada de lendas fantásticas e de confusões absurdas, dissiparia dúvidas, nortearia os Maçons para rumos mais certos. Além do mais, esses estudos e debates quebrariam a monotonia dos trabalhos nas Lojas, quantas vezes improducentes e enfadonhas, com instruções e discussões estéreis feitas por Irmãos destituídos de leitura.
Continuamos a usar em nossas Lojas a antiga e cansativa aula de pseudocatedráticos, cujas mensagens são mal recebidas, mal-entendidas e esquecidas, em pronunciamentos que se prolongam indefinidamente, sem ligações lógicas com os argumentos apresentados. Precisamos usar os modernos recursos didáticos em exposições curtas, seguidas de debates, com técnicas de dinâmica de grupo, simpósios, seminários, evitando sempre as conferências magistrais. Tudo isso provocaria debates, participação e tornaria a Sessão motivadora.
Para tanto, o Irmão deve voltar à prática do salutar e edificante manuseio do maço e do cinzel, dar tratos à capacidade de pensar, que há muito foi substituída por atividades nada motivadoras, mesmices entediantes que apenas embalam o sono dos ouvintes passivos. Tomemos verdadeiramente a consciência maçônica, pois só assim aprenderemos a entrar em Loja e discutiremos, com melhor aproveitamento, tudo que a Ordem tem a nos ensinar.
A instituição nos faculta o tratamento de Irmãos, mas Irmãos são todos os que, por condutas maçônicas, são reconhecidos como tal. Diferentemente de Obreiros que deveríamos ser, pois Obreiros são aqueles que nos instruem e inspiram, por suas condutas maçônicas, a nos tornarmos Irmãos. Hoje, as Lojas simbólicas não preparam o Maçom, nem as filosóficas o purificam.
Maçons hoje não são mais lapidados a maço e cinzel, não são mais forjados a fogo e martelo: são moldados à imagem e semelhança de suas inaptas lideranças, muitas vezes descompromissadas com os postulados da nossa Sublime Ordem e que, de forma irresponsável, fazem da Loja um clube de amigos. Fogem da imensa responsabilidade desta nobre instituição, que é a formação do Mestre Maçom para que ele, conhecendo os princípios da Maçonaria, possa atuar na sociedade em prol do seu semelhante.
O que se vê atualmente é o oferecimento de graus em pantagruélicos banquetes, comendas distribuídas a quem as cobre de vergonha e cargos preenchidos por quem deles se locupleta. A Loja não é um lugar onde se vende ou se compra coisas e muito menos uma distribuidora de medalhas e honrarias.
A Loja deve ser uma escola que nos ensina a ser um bom Maçom. Aquele que não confunde liberdade, que é direito sagrado, com abuso que é defeito. Também deve nos ensinar a crer em Deus, Ser Supremo, que nos orienta para o bem e nos desvia do mal; a cultivar a fraternidade, porque ela é a base fundamental da Maçonaria; a recusar agradecimento porque o Irmão se satisfaz com o prazer de haver contribuído para amparar seu semelhante; a não se abater, a não se revoltar com as derrotas, porque vencer ou perder são contingências próprias da vida do homem.
A Loja ainda nos ensina a seguir o caminho da moral, pois quem dele se afasta se incompatibiliza com os objetivos da Maçonaria; a ser amigo da família, porque ela é a base fundamental da humanidade (o mau chefe de família não tem qualidades morais para ser Maçom); a não ter apego aos cargos, porque isso é cultivar a vaidade e o bom Maçom não pleiteia cargos nem honrarias; que a Maçonaria é a própria resposta ao nosso questionamento de dignidade, tolerância e amor.
A Loja nos ensina também, através do simbolismo, que o verdadeiro Maçom é um homem livre e não um joguete passivo das circunstâncias e das pessoas que o rodeiam; é alguém que sabe o que quer, que possui liberdade de pensamento e condições psicológicas para absorver determinados ensinamentos através do estudo e da reflexão, sem pré-julgamentos; a ser homens de bons costumes, capazes de se conduzir em qualquer condição e lugar; a superar obstáculos naturais, discussões interpessoais, ambientes confusos e dificuldades financeiras através da coerência, do bom senso, da organização e do equilíbrio e da sensatez; a não silenciar sob pena de ver sucumbir os ideais desta notável escola de homens de bem nas ondas revoltas do mar da indiferença.
Por tudo isso, meus Irmãos, é que precisamos estudar. Sendo a Maçonaria uma instituição humanitária de caráter fraternal e filosófica é desnecessário ponderar que ninguém poderá conhecer filosofia sem estudar, sem ler muito. O verdadeiro Maçom deve ser um devoto da leitura de livros maçônicos e não um simples repetidor de frases, nem sempre proferidas com acerto nas sessões maçônicas.
M∴M∴ e Presidente da Poderosa Assembleia Legislativa Maçônica do GORN