Severino Nogueira de Melo
O objetivo deste trabalho é despertar a necessidade de aprimorar os nossos estudos em busca do conhecimento maçônico, pois, creio, não é novidade para nenhum Irmão que o conhecimento é o responsável pela manutenção do Maçom na Ordem, a despeito de qualquer problema que lhe apareça no caminho.
O conhecimento, em boa parte, é adquirido através das instruções oferecidas nas sessões ritualísticas, principalmente no Período de Instrução, embora saibamos que isto não é suficiente para um aprendizado mais profundo e eficaz. Até esta oportunidade de aprendizado é, não raro, suprimida pelos Veneráveis Mestres na intenção de encerrar os trabalhos mais cedo.
Instruções ritualísticas, em sua maioria, necessitam de complementação ou considerações sobre o seu conteúdo, para que o entendimento e assimilação se completem. Isto raramente ocorre. Quando acontece, muitos Irmãos reclamam do tempo gasto para isso.
Essas instruções normalmente são restritas à ritualística, versando sobre a entrada e circulação em Loja, citação de alguns símbolos ou alegorias. As instruções sobre administração da Loja, a Legislação Básica, História da Maçonaria, a forma de elaboração e execução de orçamentos, os interstícios e exigências para Elevação e Exaltação, a execução de sindicâncias, os direitos e deveres dos irmãos, enfim, uma infinidade de aspectos de interesse geral, não são ministrados. Essas instruções devem ser dadas pelas Lojas, que são as responsáveis pela admissão e permanência dos Irmãos na Maçonaria, já que é ela que conduz os processos de iniciação e seu sistema instrucional.
Sessões sem debate e sem instrução revelam perda de tempo: são vazias e sem propósito e devem ser jogadas pelas janelas do templo
É comum os trabalhos da Ordem do Dia se prolongarem acima do tempo normal e, consequentemente, serem compensados pela exclusão do Período de Instrução, embora haja as reuniões administrativas para que os assuntos relativos à administração da Loja possam ser resolvidos, e assim evitar o sacrifício do estudo.
A Maçonaria deve ser inflexível no exigir dos seus membros procedimento rigorosamente ajustado aos postulados maçônicos. A Loja é uma escola de aperfeiçoamento moral, onde o homem se aprimora em benefício dos semelhantes, desenvolvendo qualidades que o possibilitem ser, cada vez mais, útil à coletividade.
Segundo conceitos modernos, como escola ela teria de ter objetivos, e tem: o conhecimento do homem e da natureza, através das atuais conquistas científicas; a prática da tolerância, da fraternidade e da solidariedade; a igualdade de direitos de seus membros e, consequentemente, a melhoria moral, material e, por que não espiritual da humanidade.
Sendo a Maçonaria uma escola de aperfeiçoamento, é inadmissível a existência de uma escola sem estudos e desprovida de estudantes, ou seja, uma Loja vazia. Só há uma saída para o Venerável Mestre reverter esta situação: tentar rejuvenescer o interesse na frequência da sua Loja e encorajar aqueles que estão ausentes a se tornarem membros ativos novamente, com um programa definido de ações que deve ser levado a cabo realizando reuniões mais atrativas. A Sessão Maçônica deve ser desfrutada e não suportada.
Urge incrementar a qualidade das sessões de modo a torná-las motivadoras para edificantes conversas entre Irmãos, o que é de fato o real objetivo da Maçonaria especulativa com sua filosofia e liturgia. Urge despertar nos irmãos a salutar capacidade em desenvolver o pensamento em discussões das coisas da sociedade e da ordem maçônica.
Pertencemos ao nosso ambiente social e somos regidos pelas mesmas leis essencialmente definidas na Declaração dos Direitos Humanos, escrita sob a influência segura das ideias do Iluminismo, adotadas pelos maçons, principalmente, europeus. Logo não podemos continuar isolados dos graves problemas sociais, políticos, religiosos, filosóficos, científicos e, ecológicos.
O propósito central das sessões motivadoras é eliminar o inconformismo gerado pelo comparecimento em Loja, semana após semana em loja, apenas para ouvir o som seco, duro e impessoal dos malhetes, em detrimento do trabalho no polimento das pedras chocando-se umas nas outras no exercício do pensamento.
Toda semana durante duas horas seguidas, todos sentados com o dorso do corpo apoiado no espaldar da cadeira, e as mãos abertas postadas sobre a coxa, como nos antigos colégios religiosos. Depois de horas de tédio e angústia esperando o fim daquela chatice semanal, todos têm um ponto de saturação. E quando ele chega, o pobre sofredor vai procurar em outro lugar um lazer mais reconfortante.
Deveria ocorrer o contrário. Nós, Obreiros da pedra bruta, deveríamos terminar o dia em Loja com algo novo e consistente na cabeça e no coração. O Maçom não frequenta a Loja para esquadrejar a pedra que será empregada na construção civil, mas sim para aperfeiçoar-se no que diz respeito à ética, à moral, à razão, à intelectualidade.
Numa frase, ele vai para desbastar a sua pedra bruta, isto é, aperfeiçoar o seu próprio EU. Portanto, sessões sem debate e instrução revelam perda de tempo: são vazias e sem propósito e devem ser jogadas pelas janelas do templo.
M∴M∴ e Presidente da Poderosa Assembleia Legislativa Maçônica do GORN