Clique aqui

07 novembro 2010

LEITURA DE DOMINGO - 1ª PARTE


A Câmara de Reflexões

A Câmara de Reflexões é a verdadeira chave da iniciação do neófito na Ordem Maçônica, tendo ela uma enorme importância para o Maçom futuramente, pois é justamente nesse momento que o neófito reflete sobre toda a sua vida profana e como deverá segui-la após adentrar na Maçonaria.
Em se tratando realmente do verdadeiro ponto crítico da iniciação, espera-se inspirar ao candidato, dentro da Câmara de Reflexões, sentimentos de profundo respeito que hão de levá-lo a entregar-se a uma meditação profunda, através da qual o seu espírito purificado será levado a compreender o valor das coisas terrenas e o valor inestimável dos bens espirituais. Sem essa meditação em lugar tão apropriado, a verdadeira iniciação torna-se irrealizável.
Encontramos também um ambiente sombrio, adornado de emblemas fúnebres, destacando frases marcantes, no qual o profano faz o seu testamento, a fim de lembrar ao Candidato a sua morte para o mundo profano e que, purificado e regenerado, deverá começar uma nova vida. Esse cenário decifra para muitos profanos, como também para numerosos Maçons, que a Câmara de Reflexões pode ter o objetivo de amedrontar o iniciante, provocando nele terror físico, disso resultando, muitas vezes, situações constrangedoras e não iniciáticas. Esta situação se agrava ainda mais quando o profano não é devidamente instruído pelo Ir:. Experto.
No entanto, devemos nos apegar ao fato da Câmara de Reflexões possuir toda essa carregada simbologia, mas no intuito de despertar a reflexão profunda ao profano.
Ao entrar no prédio da loja, com os olhos vendados, o candidato é recolhido à Câmara, e essa simbologia corresponde a Terra, a qual, por sua vez, representa a materialidade.
Os fundamentos
A Câmara de Reflexões é também o símbolo manifesto de um estado de conseqüência equivalente, mas seu simbolismo não para aí. É considerada como uma descida aos infernos, ou seja, aos lugares inferiores, visto que, na Câmara de Reflexões o neófito é obrigado a descer em si mesmo, entregando-se a uma introspecção muito importante. 
Trata-se, portanto de um recuo, de um retrocesso ou reflexão em si mesmo. Isso levou o simbolista francês Presigout a preferir dar a esse local a denominação de Câmara de Reflexão, porque, diz ele, o profano não se entrega a reflexões, mas opera sobre si mesmo uma reflexão, no sentido de “inversão”, para poder nascer de novo.
E de fato, ao fazer passar o profano pela Câmara de Reflexão, espera-se que o isolamento que ele vai se encontrar, a atmosfera que nela existe e os objetos que nela se encontram, hão de concorrer para levá-lo a novas descobertas e a proporcionar-lhe ensinamentos novos. Isso, sem dúvida, há de ajudá-lo a realizar esse recuo sobre si mesmo, assim como um corpo muda de direção depois de chocar-se com outro.
O choque de espírito contra a superfície refletora da Câmara há de levá-lo a examinar as suas idéias, a compará-las e, desse processo, há de resultar certamente um pensamento novo.
Existe também a idéia de que esse simbolismo significa a posição de feto no ventre e constitui o tempo da gestação que precede o novo nascimento. Esse ventre é comparado à Câmara de reflexão, aonde o embrião se desenvolve. E pelo aspecto fúnebre entende-se como o significado da morte do neófito na vida profana. 
Pode-se entender, ainda, o aspecto de uma gruta ou de uma caverna sombria, por simbolizar o centro da Terra, o seio da natureza material, de onde vimos e para onde voltaremos, com o nosso físico dissolvido e transformado em pó, o que é lembrado ao iniciante pelos despojos humanos nela contidos.
Por seu isolamento e suas paredes negras, a Câmara de reflexões representa um período de escuridão e maturação silenciosa da alma, por meio da meditação e da concentração em si mesmo, período que prepara o verdadeiro progresso, efetivo e consciente, que se manifestará posteriormente à luz do dia.
A finalidade da Câmara de reflexões não é infundir terror físico aos iniciantes, como infelizmente ainda alguns supõem. Ao contrário, pretende-se criar um estado de espírito indispensável à compreensão dos ensinamentos decorrentes do simbolismo e do esoterismo da Iniciação Maçônica. A incompreensão dos elevados objetivos da Iniciação por parte de muitos iniciadores faz, muitas vezes, abortar essa necessária predisposição espiritual.
Ao fazer passar pela Câmara de reflexões o profano, pretende-se mostrar que tinha chegado o momento de morrer para o vicio, as paixões, os preconceitos e os maus costumes; para fazer-lhe compreender que diante da morte desaparecem o orgulho e a ambição humana, e que de nada valem o poder e as riquezas do mundo.
A permanência do iniciante na Câmara de reflexões representa o período de gestação do Maçom, pois, ao morrer para o mundo profano, ele prepara a sua mente e o seu espírito para o nascimento de uma nova vida.
É necessário que se conceda ao profano tempo suficiente para meditação frente aos símbolos que se encontram na Câmara de reflexões, tendo-se o cuidado para que nada venha perturbá-lo durante aquele período. Deve-se evitar a todo custo fazer entrar dois profanos ao mesmo tempo na Câmara, sob o pretexto anti iniciático de se ganhar tempo. Os profanos devem ser convidados a comparecerem com antecedência suficiente para que cada um possa permanecer pelo menos meia hora dentro da Câmara.
Descrição da Câmara
É um cubículo que não deve receber luz do exterior, sendo iluminada apenas por uma vela ou uma lamparina. As paredes, forradas e pintadas de preto, ostentam várias inscrições e emblemas fúnebres formando um conjunto. Em seu interior encontram-se uma mesa e um banco pequenos, um esqueleto humano ou um crânio e ossos, enxofre, e outra sal e mercúrio, um pedaço de pão, uma bilha d’água, uma campainha, papel e caneta.
Muitas Lojas mais modestas, porém mais interessadas no estudo da doutrina e do simbolismo maçônicos, representam tais objetos sobre um simples painel. Sobre ele acham-se pintados vários emblemas: no alto, a palavra V.I.T.R.I.O.L. (Visita Interiora Terrae, Retificandoque, Invenies Occultum Lapidem), que significa: “Visita o interior da terra e, retificando, encontrarás a Pedra Oculta”. Logo abaixo, um galo, uma bandeirola, na qual estão inscritas as palavras Vigilância e Perseverança. No meio do quadro vêem-se uma ampulheta, uma foice, um crânio com duas tíbias cruzadas. De cada lado, duas taças com os símbolos do enxofre e do sal marinho. O do enxofre é um triângulo com vértice para cima e uma pequena cruz grega embaixo; o do sal é um circulo atravessado por uma diagonal horizontal. O galo representa o Mercúrio e estarão pintados, por baixo de duas taças, de um lado a bilha d’água e, do outro, o pão. 
As citações
Sobre as paredes da Câmara de Reflexões há inscrições, descritas abaixo, com a finalidade de levar o profano a encarar o ato a que vai ser submetido, com a honestidade a que deve fazer jus.
SE A CURIOSIDADE AQUI TE CONDUZ, RETIRA-TE - A Maçonaria não pode servir de campo experimental para satisfação de uma simples curiosidade. Inteiramente dedicada ao estudo de problemas fundamentais e de grandes ensinamentos, todo elemento possuído por uma simples curiosidade, longe de lhe ser útil, seria um perigo. Sendo manifesto o desejo da Maçonaria de participar ao mundo a sua utilidade por meio de sábios e discretos ensinamentos e por elevados exemplos, ela reprime a louca afeição ao superficial, ao fútil, engrandecendo no homem o desejo de instruir-se através de estudos sadios, sérios e proveitosos.
SE TENS RECEIO DE QUE SE DESCUBRAM OS TEUS DEFEITOS, NÃO ESTARÁS BEM ENTRE NÓS - O ensinamento que essa frase encerra é fundamentalmente proveitoso. O homem não pode alcançar um grau de elevada perfeição, senão pelo constante estudo de si mesmo e com o conhecimento mais amplo de seus próprios defeitos, e, dessa forma, a Maçonaria exige de seus adeptos uma recíproca advertência sobre si mesmos. O Maçom, para seguir o seu caminho de constante aprendizado, precisa transparecer, sem receios, todos os seus defeitos, por mais amargo que isso venha a ser, pois é através desta exteriorização que se pode lapidar a verdadeira pedra bruta. 
SE FORES DISSIMULADO, SERÁS DESCOBERTO - A hipocrisia é uma das causas principais que fazem progredir o mal no mundo, devendo o Maçom fazer sempre o possível para desmascará-la, combatendo-a por toda a parte onde ela se encontre. Todo aquele que finge, aquele que oculta, cedo ou tarde será desmascarado e seus vícios expostos à luz do sol, à luz da verdade.
SE ÉS APEGADO ÀS DISTINÇÕES MUNDANAS, RETIRA-TE: NÓS AQUI, NÃO AS CONHECEMOS - A Maçonaria respeita as hierarquias do mundo profano e as distinções sociais exigidas pela ordem social. No entanto, dentro de seus templos, isso é desprezado pelo princípio da igualdade que deve reinar entre todos os seres, sem mais distinções que as merecidas pela virtude, nobreza e talento; da mesma forma em que os trabalhos dos Aprendizes Maçons iniciam-se ao meio dia, fazendo com que os irmãos trabalhem sem fazer sombra uns aos outros. Esse sentimento de igualdade tráz, por conseguinte, uma evolução em conjunto muito mais forte e duradoura, fazendo com que o sentimento de desprezo ou o próprio individualismo não sejam bem quistos na Ordem Maçônica.
SE TENS MEDO, NÃO VÁS ADIANTE - Embora a Maçonaria não pretenda despertar o terror ao iniciante, essa inscrição existe para indicar que no momento de perigo, o homem carente de fé e de valor, que se deixa dominar pelo terror e a superstição, não consegue exteriorizar a sua pedra bruta. O sentimento de medo faz com que o homem bloqueie seu caminho a ser triunfado, inibindo a sua coragem, perseverança, auto-estima, valor e fé, que é justamente o que o iniciante está precisando exteriorizar nesse momento. 
SE QUERES BEM EMPREGAR A TUA VIDA, PENSA NA MORTE - Sendo a morte o fim de tudo, a sua aproximação será o castigo ou a recompensa da vida, de acordo com o emprego que lhe foi dado e a direção que lhe foi impressa. O homem deve refletir sobre a morte para assim valorizar e lapidar a sua vida. Sendo assim, o Maçom deve fazer de sua vida um caminho laborioso, superando obstáculos, com a máxima valorização intrínseca de si mesmo. Pode-se entender, ainda, a morte, como sendo o fim da vida profana e o nascimento na vida maçônica, na qual o iniciado começa a glorificar a verdade e a justiça, levantando templos à virtude e cavando masmorras ao vício.

Continua na postagem abaixo

Nenhum comentário:

Postar um comentário