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30 novembro 2010

ESTUDO


O Paganismo na Maçonaria Simbólica
Thomas de Toledo

Muitos irmãos deixam despercebidas as fortes influências que a Maçonaria herdou de algumas tradições pagãs, devido à importância que tem em nossos ritos a tradição judaico-cristã. No entanto, seus símbolos mais importantes estão diretamente vinculados aos cultos ancestrais, especialmente egípcios e greco-romanos. Recuperemos alguns deles.

Em primeiro lugar, no Or.’., onde se localiza o V.’.M.’., temos o Sol e a Lua. Estes símbolos representam as primeiras divindades cultuadas pelos humanos, seja pelos xamãs, celtas, gregos, egípcios ou quaisquer tradições pagãs. Em nossos Templos, a polaridade masculina é representada pela força solar, e a polaridade feminina pela força lunar. Ambas são unidas sob o Delta, formando o Triângulo Supremo da Cabala (Kether-Chokmak-Binah). Dentro do Delta temos o “Olho que tudo vê”, que nos remete ao Egito Antigo, ao Olho de Hórus, símbolo das Escolas de Mistérios às quais os Altos Sacerdotes foram iniciados.

Hórus tinha dois olhos: um era a Lua, o outro era o Sol; o Delta é, portanto, seu Terceiro Olho, sua visão superior. Hórus feriu seu olho na batalha contra Seth. Hórus representa as virtudes de um ser espiritual, e Seth os vícios da animalidade; portanto, as cores brancas e pretas do pavimento mosaico. Hórus recuperou o trono egípcio, que foi tirado à força de seu pai, Osíris, que foi assassinado por Seth. Assim, Hórus tornou-se o filho da viúva, Ísis. Como Hiram Abiff, Osíris venceu a morte, e novamente temos a trindade: Osíris (Sol), Ísis (Lua) e Hórus (Delta). Vale lembrar que no Livro Egípcio dos Mortos (Sair à Luz), existem várias referências à acácia como planta associada à ressurreição e à imortalidade.

O que caracteriza Hórus são os valores que o guia, representados pela deusa Maat, que com suas asas espalha a verdade e a justiça. Reparem que em toda representação de Maat, ela tem as asas abertas ou em ângulo reto formando uma esquadria em 90ª graus. Portanto, seu simbolismo está ligado ao esquadro, à régua, ao nível e ao prumo. Reparem que sempre que um egípcio está adorando uma divindade, ele aparece com a perna esquerda à frente da direita formando um Triângulo Retângulo.

Os egípcios também possuíam ordens de arquitetos, dos quais se destaca a do sábio ImHotep, construtor da pirâmide escalonada de Saqqara. Segundo Jorge Adoum (Mago Jeffa), em sua coleção de livros “O que é a Maçonaria”, as pirâmides eram grandes templos de iniciação. Vejam que os Templos egípcios são quadrilongos, com exceção do Templo de Hatsepsuth que tem três andares, e cada um representa uma divindade, sendo o terceiro dedicado à Osíris.

Apesar de as duas colunas de nossas Lojas serem denominadas J.’. e B.’., como uma herança da construção do Templo de Salomão, vale recordar que o povo hebreu teve muita influência egípcia. Ao visitarmos qualquer templo da Terra dos Faraós, vemos sempre dois obeliscos na entrada, que assim como os do Templo de Salomão, descritos na Torá, são colunas nada sustentam. Da mesma forma, recordam os hieróglifos egípcios Was e Teth, que representam Força e Estabilidade, e que se unem à Ankh, a vida.

Simbolizando no Rito Brasileiro a Sabedoria, a Força e a Beleza, temos as estátuas de Minerva, Hércules e Afrodite. As duas deusas são do panteão Greco-Romano e o Herói é um semi-deus, filho dos deuses. Da mesma forma, as colunas das ordens arquitetônicas Dóricas, Jônicas e Coríntias remetem-nos à esta tradição pagã.

As doze colunas zodiacais são outra influência pagã grego-romana, assim como os planetas que se distribuem pelo teto do Templo Maçônico. Apesar de a divisão zodiacal ter origem nos cultos sumérios (onde surgiu a águia bicéfala) e babilônicos, elas foram adaptadas à cultura grega e depois à romana. Para isto, basta observar também a associação feita em seu simbolismo com os quatro elementos que regem cada um dos signos e planetas. Planetas, que aliás, têm exatamente o nome de deuses romanos.

Qualquer iniciação aos quatro elementos remete às escolas de Pitágoras e de Platão, que tiveram suas iniciações no Egito. Como a Maçonaria é uma ordem iniciática, ficaria incompleto se não mencionasse Thot, que quando encarnado foi conhecido por Hermes Trismegisto, ou três vezes grande. Thot é o senhor do verbo divino, e, portanto, representa o poder sagrado das palavras.

Como sabemos, todo maçom é identificado com o Bode. O Bode talvez seja o mais pagão de todos os símbolos. No Egito havia o culto a Bode de Mendes. Para os nórdicos, o filho de Odin e Frigga, Thor, dirigia um carro puxado por dois bodes. Para os gregos, o deus Pã, com perna e chifre de bode representa a alegria e a música. Da mesma forma que os cultos dionisíacos gregos também se associam ao Bode. Finalmente, o Bode é o guardião do Templo de Salomão. Para os hebreus haviam dois Bodes: o expiatório que unia os pecados de todos e era solto vivo no deserto, e o Bode divino, que era sacrificado em honra ao Deus de Israel. Por isto, Baphomet era associado ao Bode como um símbolo Templário.

Para finalizar, vale lembrar que toda tradição pagã fundamenta-se nos movimentos da Terra e dos astros. Estando no Hemisfério Norte, o Sol nasce no Oriente e percorre seu caminho pelo Sul em direção ao Ocidente. No Egito, o Sol é o deus Rá, e ele faz este trajeto na barca dos milhões de anos. Quando ele chega ao Ocidente, passa ao mundo inferior (Norte), onde enfrenta a serpente Apopis, da qual sempre sai vitorioso para nascer novamente no Oriente. 

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