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28 novembro 2010

ARTIGO


A letra “G”

Para os Maçons operativos britânicos, a letra “G” significava apenas Geometry (Geometria), ciência que tinha importância capital na construção dos edifícios, razão pela qual era um dos grandes segredos da arte de construir e, por conseguinte, não acessível aos iniciantes, podendo-se dizer que a geometria era uma espécie de sinônimo de Maçonaria.

Quando da transformação da Maçonaria Operativa em Especulativa, todos os instrumentos utilizados na construção passaram a ter um significado simbólico, de cunho moral. Assim, associou-se a construção de edifícios através da Geometria com a construção do universo através da ciência divina. Os Maçons Operativos construíram edifícios; os Maçons Especulativos construíram a sociedade; e Deus tudo construiu.

Dessa forma, o “G” de Geometry (Geometria) passou a significar também God (Deus), mas com um único sentido, o de Deus, pois da mesma forma que os Maçons eram os geômetras das construções, Deus era o Grande Geômetra do Universo, forma pela qual a divindade é denominada até os nossos dias pela Maçonaria inglesa e bem como pela Maçonaria norte-americana.

Assim, em discordância com muitos autores e maçonólogos, podemos afirmar que é uma mera coincidência o fato da palavra Deus, em alguns idiomas, iniciar pela letra “G” pois tais idiomas ou povos nada representavam, na época, para a Maçonaria. Além disso, para as línguas latinas, Deus, Dieu, Dios, Dio iniciada pela letra “D”, que eventualmente poderia substituir o “G” nos países que falam tais idiomas, o que não ocorreu.

As mais antigas informações que temos sobre a letra “G” estão explicitadas nos catecismos contidos nas Exposures, que começaram a partir de 1730. Nos manuscritos “Edinburg Register House”, datado de 1696 onde se encontram relatadas três distintas versões, nada existe sobre a letra “G”. Na exposure do Irmão Samuel Prichard datado de 1730, a letra “G” aparece na parte dedicada ao Grau de companheiro com uma série de 33 perguntas e respostas, algumas reproduzidas abaixo:
P: - Você é um Companheiro?
R: - Sim, sou.
P: - Como você foi feito um Companheiro?
R: - Pela causa da letra “G”.
P: - O que significa a letra “G”?
R: - Geometria, ou quinta ciência.
P: - Quando você entrou no meio, o que você viu?
R: - A semelhança da letra “G”.
P: - O que a letra “G” simboliza?
R: - Aquele que é maior que você.
P: - Quem é maior do que eu, que sou um Maçom Livre e Aceito e o Mestre de uma Loja?
R: - O Grande Arquiteto e Construtor do Universo, ou Ele que está presente, no píncaro do Templo Sagrado.
P: - Você pode repetir a letra “G”?
R: - Eu empreenderei todos os meus esforços para repetir a letra “G”. No Templo de Salomão fica a letra “G” exposta para se ler e ver. Mas poucos são os que entendem o que a letra “G” significa.
P: - Meu Amigo, se você pretende ser um de nossa fraternidade, você deve, sem demora e corretamente, dizer qual é o significado da letra “G”.
R: - Pelas quatro letras e quinta ciência.

Outro manuscrito, o de Wilkson, datado de 1727, contém apenas o seguinte texto:
P: - O que está no centro da Loja?
R: - A letra “G”.
P: - O que ela significa?
R: - Geometria.”

Em um outro catecismo datado de 1740 existem as seguintes perguntas e respostas:
“P: - Para que você foi recebido Maçom?
R: - Pela presença da letra “G”.
P: - Qual o seu significado?
R: - Geometria.
P: - Por quê Geometria?
R: - Porque é a raiz e os fundamentos de todas as artes e ciências.”

Esse diálogo só aparece em citações; o original perdeu-se nas brumas do tempo. Como se dá para notar, em 1740, ainda era a Geometria o significado da letra “G”. Uma nota explicativa desse diálogo, diz o seguinte: “Você pode observar que a letra “G” está localizada no centro da Loja”.

Para um símbolo que ficou na prateleira, no esquecimento, em desuso por um longo período de quase 50 anos, a letra “G”, na Maçonaria Especulativa, recuperou-se de forma tal, de tal maneira que acabou se tornar o principal símbolo do Grau de Companheiro.  Significando Geometria ou Quinta Ciência, ela passou a ser a causa, o motivo principal, pelo qual os Aprendizes são passados ao Grau de Companheiro especialmente no Rito York.

Extraído das pp. 264-270 do livro "O Rito York: O Simbolismo - Companheiro Maçom - Autoria: Hugo Borges & Sergio Cavalcante - Edição 2010 - Editora Clube de Autores"

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