O simbolismo dos elementos
da Câmara de Reflexões
A VELA - A Câmara de reflexões é iluminada apenas pela luz de uma vela ou de uma lamparina. Há várias interpretações sobre este símbolo. Pode ser a primeira luz da Maçonaria que o profano recebe, de início fraca, para que o profano, através dos pensamentos que o ambiente lhe sugere, possa acostumar a sua visão espiritual à luz deslumbrante das verdades que lhe serão reveladas. A luz dessa vela é o reflexo e a representação da divindade no plano terrestre. É ela o único asilo seguro contra as paixões e perigos do mundo e que proporciona o repouso, o discernimento e a luz da inspiração, quando a Ela se recorre. Esse clarão simboliza então a lâmpada da razão, iluminando a Câmara que não é outra coisa senão o interior do homem, dando lhe assim a esperança de um mundo novo e diferente, que se abre a sua frente, mundo do qual ele não pode fazer uma idéia precisa, mas que na iniciação haverá de descobrir.
O GALO - O galo representa o Mercúrio, princípio da Inteligência e da Sabedoria. Essa ave é, também, um símbolo de Pureza. O Galo é um gerador da esperança, o anunciador da ressurreição, pois seu canto marca a hora sagrada do alvorecer, ou seja, a do triunfo da Luz sobre as Trevas. A sua presença na Câmara de Reflexões simboliza o alvorecer de uma nova existência, visto que o iniciante vai morrer para a vida profana e renascer para a vida maçônica, sendo ele o signo esotérico da Luz que o Profano vai receber. Também simboliza a Vigilância que o iniciado deve manter relativamente ao papel que desempenha na sociedade. Também simbolizado por forças adormecidas que a Iniciação pretende realizar, esotericamente simbolizado pela “força moral”, indestrutível, guiando os passos do Maçom dentro e fora do Templo.
A BANDEIROLA - Colocada por baixo do Galo traz inscritas as palavras Vigilância e Perseverança. Consideradas do ponto de vista etimológico, essas palavras podem significar “vigiar severamente”. Indicam ao Futuro Maçom que deve, a partir daquele momento, prestar toda a atenção e investigar os vários sentidos que podem oferecer os símbolos, os quais, só conseguirá entender completamente através de uma paciente Perseverança. Assim como o dever moral, que o Maçom deve colocar em prática dedicando-se a uma Vigilância constante. É também a difícil tarefa de desbastar a Pedra Bruta que só alcança algum sucesso, quando realizada com a mais firme Perseverança.
O CRÂNIO - A presença de um Crânio pode despertar no profano alguns pensamentos, através dos quais ele poderá imaginar a representação, pela caixa óssea, da inteligência e sabedoria, da qual ela é símbolo. A sabedoria é tão importante para o nosso cotidiano como o conjunto de nossa existência e para as grandes decisões. Pode ser vista como a razão governando a prática pela teoria. Assim como na Câmara, os ossos são um mero complemento do crânio como símbolos da morte.
A AMPULHETA - Como é um instrumento para medir o tempo, é considerado na Maçonaria, um símbolo que mostra, pelo escoamento da areia, o rápido transcorrer do tempo, e recorda ao profano a brevidade da existência humana, aonde têm um significado esotérico com diversas interpretações. O tempo passa e voa, e a vida sobre a terra é semelhante ao cair da areia. Por isso é preciso saber aproveitá-la em coisas úteis e proveitosas para si próprio e também para a humanidade. Pois uma vida dedicada ao acumulo de riquezas e ao gozo dos prazeres sensuais não contribui para a felicidade de ninguém, é uma vida desperdiçada. O iniciante deve lembrar que as pequenas porções do tempo juntam-se umas as outras e terminam no seio da Eternidade.
A FOICE - Símbolo muitas vezes não utilizado, mas que representa o símbolo da destruição e da morte, que em dado momento perturba a vida de qualquer pessoa, sem distinção de classe social. Pode ser interpretada como também, um símbolo do tempo, mostrando-nos a curta duração de nossa existência terrena e despertando-nos o medo.
O PÃO E A ÁGUA - Tende a assemelhar a Câmara de Reflexões a uma masmorra, onde o profano deve ser recolhido. Mas o Pão simboliza o laço de fraternidade entre os irmãos e a Água é o símbolo da purificação. São emblemas da simplicidade que deverá reger a vida do futuro iniciado, assim como alimentos do corpo e do espirito, os quais são indispensáveis, mas que não devem ser o único objetivo da vida. Sendo assim, é o elemento indispensável à vida, e o pão, provindo do trigo, simboliza a força moral e o alimento espiritual.
O SAL - É o símbolo da mão estendida, representando a hospitalidade. Os antigos Greco-Romanos o simbolizavam pela amizade, finura e limpeza da alma e da alegria. Seria como se fosse algum dizer de boas vindas ao iniciante, mostrando-lhe que ele será acolhido alegremente, com todo o coração, e que ele há de se sentir em “sua casa”. Assim, o profano, com o espirito livre, se entregará inteiramente à conquista das verdades prometidas.
O MERCÚRIO - Representado pelo Galo, é um símbolo não apenas de Vigilância e Coragem, como também de Pureza. Princípio fêmea, na alquimia, é considerado hermeticamente como o princípio da inteligência e sabedoria.
ENXOFRE - É considerado o princípio macho, na alquimia. É o símbolo do espírito e por isso simboliza o ardor. “A pedra Filosofal é um Sal perfeitamente purificado, que coagula o Mercúrio afim de fixá-lo em um Enxofre extremamente ativo. Esta fórmula sintética resume a Grande Obra em três Operações que são: a purificação do Sal, a coagulação do Mercúrio e a fixação do Enxofre”. (In “O Simbolismo Hermético” de Oswald Wirth)
TESTAMENTO - É o ato que geralmente, na vida Profana, é praticado a aqueles que se encontram à beira da morte. Mas na Maçonaria é considerado como um testamento “filosófico”, e não um testamento “civil”, como o dos profanos. No testamento o iniciado irá “testemunhar” por escrito as suas intenções filosóficas, assumindo, dessa forma, uma obrigação prévia. Sua verdadeira finalidade não é somente responder as perguntas, mas sim, fazer com que o iniciado expresse sua opinião sobre elas e escreva as suas últimas vontades, como se fosse mesmo morrer, no seu Testamento. O profano expressará seus últimos pensamentos e suas últimas disposições, pois é sob influência da Câmara de Reflexões que ele dirá a verdade. Assim, por esse documento, em que a sua mente só dirá a verdade, a Loja terá um conhecimento quase perfeito dos verdadeiros sentimentos do Profano.
Conclusão
Resumidamente, a Câmara de Reflexões nada mais é do que a transição da vida profana para a vida Maçônica, que usa de seus elementos e simbolismos para preparar o iniciante para essa nova e frutífera vida.
A Câmara de reflexões leva o neófito ao mundo da introspecção. Mais tarde, pelo V.’.M.’. fica sabendo: "Os símbolos que ali existem vos levaram, certamente, a refletir sobre a instabilidade da vida, lição trivial sempre ensinada, e sempre desprezada".
Assim, constatamos que a Câmara de Reflexões tem como fundamento maior fazer com que o iniciante consiga exteriorizar, expor a sua pedra bruta, para que assim, a mesma possa ser permanentemente lapidada, intuito este, inerente à Maçonaria.
É neste local que o iniciante consegue se preparar para se tornar um verdadeiro Aprendiz Maçom, resgatando o seu verdadeiro eu interior e desprezando a sua parte infrutífera, catalisando assim todos os elementos necessários para o início dos trabalhos Maçônicos.
Essa fundamental preparação realizada pela Câmara no candidato, torna-se claramente necessária ao entender-se que tal profano já está prestes a iniciar-se na Ordem. A garimpagem de um irmão Maçom, o achado dessa nova pedra bruta (o iniciante), já fez com que se trouxesse uma grande expectativa de mais um irmão abrilhantando os trabalhos em Loja. Mas sem dúvida esse momento de garimpagem do próprio candidato, dentro da Câmara de reflexões, é vital para sua completa preparação.
Bibliografia
Ritual do Primeiro Grau – Aprendiz – GOB;
ASLAN, Nicola, Comentários ao Ritual de Aprendiz – VADE MÉCUM INICIÁTICO, Editora MAÇÔNICA, Rio de Janeiro;
WIRTH, Oswald – O Simbolismo Hermético
Gostaria de saber de quem é esta Peça de Arquitetura. Já vi em várias páginas da internet, mas ninguém cita o autor.
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