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03 novembro 2010

Os graus simbólicos

O dever do mestre
José Castellani

Os três graus da Maçonaria Simbólica simbolizam a senda iniciática, quando o candidato, vindo das trevas do Ocidente, caminha, como iniciado, em direção à Luz do Oriente.
A luz, nesse caso, não é aquela originária de corpos materiais, mas, sim, a Luz da Ciência, do Progresso, do conhecimento, simbolizada pelo Sol, o Apolo dos gregos, Mitra dos persas, Rá dos egípcios, a fonte da vida e a causa dos principais mitos religiosos da antiguidade.
Como Aprendiz, o iniciado dedica-se ao desbastamento da pedra informe, da pedra bruta, que é um trabalho material.
Como Companheiro, já lhe cabe um trabalho intelectual, para a concretização da pedra cúbica, como elemento fundamental das construções.
E, finalmente, como Mestre Maçom, cabe-lhe o trabalho espiritual, determinado, claramente, na sua missão de espalhar a Luz, de reunir o que está disperso, de partir do simples para o composto, da causa para o efeito, do princípio para as conseqüências.
Consagrado à firmeza de caráter e à moral intransigente, o grau de Mestre Maçom deve libertar o iniciado das paixões, dos preconceitos e das convenções sociais, para que possa, com plena consciência do seu dever, pesquisar e ir à procura da Verdade.
Morrendo, simbolicamente, para os vícios, para os erros e para as fraquezas humanas, o Mestre renasce com o espírito limpo e puro, no Amor, que lhe dá energia, na Virtude, que engrandece, e na Verdade, que dignifica, para que possa, cumprindo o seu dever de iniciado, que conheceu a Verdadeira Luz, dar o seu quinhão de trabalho pela evolução da Humanidade.
Todas as lições embutidas na ritualística da exaltação ao grau de Mestre, convergem para um ponto comum, através de uma lenda, que mostra o milagre da ressurreição, como o Sol, que renasce, todos os dias, no Oriente, e como os vegetais, que, em seu ciclo eterno e imutável, renascem anualmente, das cinzas de sua morte anual.
Os três graus simbólicos, comuns a todos os ritos, representam, na realidade, a essência total de toda a doutrina maçônica.
Síntese do universo maçônico, eles mostram a evolução racional da espécie humana, ou seja: intuição (Aprendiz), análise (Companheiro) e síntese (Mestre).
O Aprendiz, ainda inexperiente, embora guiado por seus Mestres, realiza seu trabalho de forma empírica, através apenas da intuição, representando o alvorecer das civilizações, marcadas pelo empirismo.
O Companheiro, já tendo um método de trabalho analítico e ordenado, simboliza uma fase mais avançada da evolução da mente humana.
E o Mestre, juntando, através da síntese, tudo o que está disperso, para a conclusão final da obra, representa o caminho derradeiro da mente, na busca da perfeição.
O maçom, ao atingir o grau de Mestre, deverá possuir, já, a plenitude do conhecimento iniciático moral, social e metafísico, necessário e pertinente aos objetivos da Ordem maçônica, restando-lhe, então, o trabalho, sempre constante, na busca da perfeição, nunca atingida, mas sempre buscada, pois ela é o estímulo onipresente, na vida do ser humano.
Terá, então, o Mestre, a humildade de prostrar-se perante os grandes mistérios da vida e os insondáveis escaninhos da Natureza, despojando-se de todas as vaidades, incluindo-se, entre elas, a busca da ascensão, a qualquer custo, numa escala, que, quase nunca reflete um conhecimento apreciável e um desejável mérito pessoal.
Deverá, o Mestre, lembrar-se, sempre, que a verdadeira beleza é a interior, mesmo que o exterior não seja coruscante e não brilhe em faíscas de ouro e prata, pois o maçom, o verdadeiro maçom, o maçom integral, é um Mestre pelas suas qualidades mentais e espirituais e não por sua posição na escala, ou por seus brilhantes paramentos e condecorações.
O hábito não faz o monge, diz a velha sabedoria popular.
E se pode, até, acrescentar que um muar ajaezado de ouro e prata nunca poderá ser confundido com um cavalo de alta linhagem.
Nas Lojas simbólicas, verdadeira e única essência da Maçonaria universal, o iniciado percorre um longo caminho desde as trevas do Ocidente até à Luz do Oriente, tendo o seu lugar de acordo com as suas aptidões e a sua ascensão de acordo com os seus méritos, concretizando as sábias lições da lenda do terceiro grau. 
Ele terá o seu aumento de salário depois de um certo tempo de aprendizado e mediante a apresentação de trabalhos, que permitam aquilatar a sua evolução mental e cultural.
A sua ascensão não deverá, nunca, ser devida a favores pessoais, a apadrinhamentos, a rapapés bajulatórios, ou ao poder corruptor dos metais, expedientes, esses, tão comuns na sociedade profana, mas excluídos, pelo menos em suas leis, da verdadeira Maçonaria, desde os seus primórdios, nos velhos tempos em que só existiam Aprendizes e Companheiros, usando um simples avental de couro, símbolo humilde do trabalho, sem as riquezas flamejantes de uma nababesca farrambamba.
Maçom e escritor

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