Kléber Fernandes (1º à esquerda) falou na solenidade da Câmara Municipal |
Kléber Fernandes
Antes de mais nada, preciso dizer que é uma imensa honra para mim, filho de Maçom, que acompanho desde cedo a Maçonaria, poder ser, na condição de vereador e hoje também um Irmão Maçom, o instrumento para homenagear esta sociedade cujos valores e ideais pregados e praticados tanto têm feito falta nos dias atuais, sobretudo na nossa política. A Maçonaria já legou grandes avanços à humanidade nos seus mais de três séculos de história.
As provas da relevância da Maçonaria começam se analisarmos com calma alguns – apenas alguns, dos nomes que compuseram ou a compõem, ao redor do mundo. Estão no rol, gente como e o primeiro presidente dos Estados Unidos da América, George Washington; o antecessor do atual mandatário da maior potência mundial, Barack Obama; o primeiro-ministro britânico, Winston Churchill; o filósofo francês Voltaire; o escritor alemão Goethe; o compositor alemão Ludwig Van Bethoven; o compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart; o general e imperador francês Napoleão Bonaparte; o imperador Dom Pedro I; o general Duque de Caxias; o marechal, primeiro presidente da república brasileira, Deodoro da Fonseca; e o genial jurista, jornalista e político brasileiro, Rui Barbosa. Também podemos citar nomes como Castro Alves, Frei Caneca, José de Alencar, José Lins do Rêgo, Pixinguinha, Tiradentes e Vinícius de Moraes.
O surgimento dos ideais maçônicos nos remete à Idade Média, quando o controle do comércio era feito pelas guildas, corporações de ofício que reuniam artesãos do mesmo ramo e funcionavam como um antepassado dos Sindicatos. Um dos grupos mais poderosos era o dos pedreiros (em inglês, masons). Eles faziam um trabalho de alto status então, pois eram responsáveis pela engenharia e pela construção de castelos e catedrais. Pedreiros tinham acesso aos reis e ao clero e circulavam livremente entre os feudos. Apelidados de free masons (pedreiros livres), se reuniam nos canteiros de obras e trocavam segredos da profissão. Um dos documentos mais antigos sobre essas guildas é a Carta de Regulamentos de Londres, de 1356. Na época, era só um conjunto de regras para pedreiros.
Para se identificarem em locais públicos e evitarem o vazamento de suas conversas, criaram um sistema de gestos e códigos. Durante o renascimento, os pedreiros livres ficaram na moda. Seus encontros passaram a acontecer em salões, chamados de lojas, que geralmente ficavam sobre bares e tavernas das grandes cidades, onde a conversa continuava depois. Intelectuais e membros da nobreza engrossaram a turma. Por influência deles, os debates passaram a abranger religião e filosofia. Em 24 de junho de 1717, numa reunião das quatro maiores Lojas de Londres (então o maior centro maçom europeu), na taverna The Goose and Gridiron nasceu uma federação, a Grande Loja de Londres. Era o início oficial da Maçonaria.
Em apenas três décadas, a organização já tinha se espalhado por toda a Europa Ocidental e havia alcançado a Índia, a China e a América do Norte. Passou a ser conhecida e respeitada. A Ordem dos Maçons Livres e Aceitos é uma sociedade secreta, mas aberta a homens de todas as religiões. Para fazer parte dela o indivíduo deve crer em deus e ter uma conduta ética e honesta.
Com os dados hoje disponíveis, a primeira referência a uma Loja Maçônica brasileira que se tem notícia teria sido em águas territoriais da Bahia, em 1797, em uma fragata francesa, denominada Cavaleiros da Luz, sendo pouco tempo depois transferida para a Barra, um bairro de Salvador. Contudo, a primeira loja regular do Brasil foi a Reunião, fundada em 1801, no Rio de Janeiro, filiada ao Oriente da Ilha de França, antigo nome da Ilha Maurício, à época possessão francesa e hoje britânica.
Dois anos depois o Grande Oriente Lusitano, desejando propagar, no Brasil, a “verdadeira doutrina maçônica”, nomeou para esse fim três delegados, com plenos poderes para criar lojas regulares no Rio de Janeiro, filiadas àquele Grande Oriente. Criaram, então, as lojas Constância e Filantropia, as quais, junto com a Reunião, serviram de centro comum para todos os maçons existentes no Rio de Janeiro, regulares e irregulares, tratando de iniciar outros, até ao Grau de Mestre.
Depois da fundação destas três primeiras lojas “oficiais”, espalharam-se, nos primeiros anos do século XIX, lojas nas províncias da Bahia, de Pernambuco e do Rio de Janeiro, livres, ou sob os auspícios do Grande Oriente Lusitano e do da França.
Convém salientar que os governos coloniais da época tinham instruções precisas para impedir o funcionamento de lojas no Brasil. Tanto assim que as Lojas Constância e Filantropia foram fechadas em 1806 no Rio de Janeiro, cessando as atividades maçônicas naquela cidade, mas continuando e se expandindo, principalmente na Bahia e em Pernambuco. O Rio de Janeiro, contudo, não podia ficar sem uma loja, e apesar desta proibição os trabalhos prosseguiam com as lojas São João de Bragança e Beneficência.
O ano de 1821 começou com uma série de acontecimentos político-militares que culminariam na Independência do Brasil. Como naquela época inexistiam os partidos políticos, foi necessária uma organização que coordenasse e mobilizasse o descontentamento político e a Maçonaria brasileira emprestou sua organização para tal fim. Voltava, então, à plena atividade.
Desde então, a participação da Maçonaria nos grandes fatos políticos e históricos do Brasil sempre foi ativa e fundamental.
A cisão de 1927 cria, no Brasil, as grandes lojas estaduais que vigoram até os dias atuais. Há hoje 5,5 milhões de maçons no mundo, sendo 150 mil no Brasil, distribuídos em 4.700 lojas maçônicas. Por tudo isso, não é exagero afirmar que o mundo em que vivemos foi definido, em grande parte, pela atuação da Maçonaria que, ao longo de sua história, vem reunindo a elite política, militar e cultural do Ocidente.
Meus amigos, é esta a sociedade que homenageamos hoje. São estes os valores e as atitudes que celebramos e exaltamos. Afinal, galgar os degraus da Escada de Jacó requer atitudes dignas e merecedoras de respeito e reverência. Estes são os Maçons, um grupo de homens, entre os quais, honrosamente me incluo, que vive em sintonia com o que nos ensinou e ensina o Grande Arquiteto do Universo.
Discurso proferido pelo vereador e Irmão Kléber Fernandes, na Sessão Solene pelo Dia do Maçom realizada na Câmara Municipal de Natal
Nenhum comentário:
Postar um comentário