Wiliam Ferreira Nogueira, A:.M :.
Na edificação dos costumes e da vivência em sociedade, o construtor e sua obra têm ligação intrínseca em todas as fases do projeto, pois não pode o pedreiro iniciar qualquer trabalho se eximindo da responsabilidade sobre os efeitos que este venha a influenciar durante ou após sua execução.
Sendo assim, menos ainda pode o pedreiro livre deixar de medir a todo tempo a marca de sua trajetória como edificador de posturas e conceitos no que concerne o trato e relacionamento entre os irmãos ou profanos do mundo exterior.
Neste contexto, o desbastar da pedra bruta não é uma atitude isolada, ela permeia a todos quantos a volta do novo ser acompanham este processo de transformação e neste momento, suas vidas também acabam por ser transformadas, na reação em cadeia onde os bons costumes e a retidão das ações devem ser como o maço, instrumento de força que as imprime nos corações da eternidade.
A postura correta do pedreiro livre, entretanto, esbarra nas entrelaçadas relações do quotidiano, enquanto na correria do dia a dia esquecemo-nos até mesmo de quem somos e do novo papel que hora passamos a desempenhar na sociedade.
Nestes momentos devem sempre ser lembradas as palavras do V:.M:. no encerramento, suscitando diligência, moderação e prudência, cernes da formação moral aprendidas no seio de nossa casa perfeita e às vezes esquecidas ao nos depararmos com os desafios do dia-a-dia exaustivo.
As promessas solenes de amparo, assistência, tolerância e bondade jamais devem estar submersas nos pesados afazeres, ou perderemos nossa identidade de homens pinçados da turba e diferenciados da maioria, negando a formação justa e perfeita que como uma dádiva recebemos, permitindo ao mundo que julgue o trabalho de nossa oficina, em vão.
As belíssimas palavras de Davi também nos remetem a um maior sentimento sobre nosso comportamento não apenas em loja, mas no mundo profano também, pois ao citar “Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união”, devemos nos lembrar que no início dos tempos todas as criaturas tiveram origem num só criador, o Senhor, que, como o orvalho de Hermon que desce sobre os montes de Sião, ordena a vida e a bênção para sempre.
Somos de fato então todos irmãos, pois somos filhos de um mesmo Pai cuja harmonia e amor nos foram magistralmente ensinadas pelo Divino Mestre, as quais devem ser cultivadas a cada manhã, partes que são da lista de bons ofícios que deve professar o verdadeiro pedreiro livre e de bons costumes.
Enganamos-nos, porém, se pensamos que ter irmãos nos basta, pois neste momento o verbo “ser”, também nos diferencia da mesmice que ronda a humanidade onde todos buscam “ter”, muitas vezes sem o merecer.
Devemos nos esmerar em “ser” irmãos, pois o que o é, é por si só, não esperando mais por isso.
Ser irmão é estar disposto a servir sempre a todos os que têm direito aos nossos bons ofícios, ou seja, à sociedade, esta que milita na escuridão, cega, à beira do abismo implorando por um fio de esperança, que apenas os atos de homens completos e de bons costumes e, sobretudo, responsáveis por seus atos, podem multiplicar.
Termino com a famosa frase de Voltaire: “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você diz, mas morrerei lutando para que tenhas o direito de dizê-las.”
A:.R:.L:.S:. Wilton Cunha 144 de Jaú – 308 Or:. do Rio de Janeiro, Brasil
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